Repórter, apresentador e colunista
O anúncio de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026 parou o país. Pelo menos parte dele: os apaixonados pela Seleção.
A notícia, que foi motivo até de plantão na CNN, a maior emissora de notícias do mundo, trouxe uma onda de empolgação que há um certo tempo não se via com a verde-amarela. Depois de mais de dois anos de uma negociação ioiô, marcada por idas e vindas que cheiraram a vira-latismo, ver os torcedores unidos e sonhando com o hexa é um alívio.
Aliás, sabem que a "culpa" dessa novela da negociação é de Galvão Bueno? — Pois bem, no meu vídeo sobre Ancelotti na Seleção eu explico melhor o assunto.
Don Carlo, com cinco Champions, agens vitoriosas por Milan, Real Madrid e Bayern, é um nome que impõe respeito. Ele entende o futebol brasileiro, ou pelo menos seus jogadores. Transformou Vini Jr. num fenômeno global, no melhor jogador do mundo, e tem o dom de gerenciar egos em elencos estrelados.
Inclusive, é um mestre em treinar brasileiros. No Milan, também transformou Kaká no melhor jogador do mundo, guiando não só ele, como os Rossoneros ao título da Champions de 2007. Mas também comandou Marcelo, Dida, Ronaldo, Cafu e tantos outros.
Mas, se analisarmos somente o recorte recente, essa bagagem ainda inspiraria tanta confiança? Os últimos resultados no Real Madrid de Militão, Vini, Rodrygo e... estou esquecendo de alguém... ah, o Endrick! Que só vive no banco sob a gestão do italiano — não são tão animadores, não.
Apesar da baita contratação, nem tudo é festa. Ancelotti chega com desafios que vão além do banco. No Real Madrid, onde ele ainda comanda até o dia 25 deste mês, as derrotas nos últimos El Clásico expam fragilidades táticas e falta de intensidade, algo que preocupa para o futuro da Seleção.
Pior: a situação dos brasileiros no clube está longe da ideal. Endrick, joia que o Brasil espera ver brilhando, segue amargando o banco. Com apenas 18 anos, ele entrou em poucos jogos, muitas vezes por minutos finais, o que freia seu desenvolvimento. Enquanto isso, boatos de atritos com Rodrygo circulam nos bastidores. Dizem que a disputa por espaço no ataque, com Arda Güler sendo escolhido no lugar do brasileiro, tem gerado faíscas. Segundo o Marca, Rodrygo quer, inclusive, sair do Real pela falta de oportunidades recentes.
Nada confirmado, mas o clima não parece dos melhores. De todo modo, é inegável o impacto dessa contratação. Dentro e fora de campo, como já exemplifiquei acima.
Ancelotti, apesar desse recorte recente, é conhecido por apaziguar vestiários. E vai precisar mostrar esse talento com a Seleção, onde Endrick, Vini, Rodrygo e até o Raphinha deveriam ser peças-chave. Mas, não foram até agora. Parecem desconectados do peso dessa camisa, não só dentro de campo.
E, claro, não dá pra falar da Seleção sem cutucar a ferida profunda e sangrenta da CBF. A entidade continua afundada em escândalos que fedem mais que vestiário após prorrogação. Em 2024, denúncias de superfaturamento em patrocínios, desvios de verba e favorecimentos a aliados de Ednaldo Rodrigues escancararam a podridão. A I do Futebol voltou a investigar diversas suspeitas, mas ninguém acredita em punição.
Ancelotti é uma cortina de fumaça? Talvez. Das mais bem feitas. Uma tentativa de maquiar a crise com um nome de peso. Só que técnico nenhum resolve a falta de transparência e a gestão amadora. A Seleção merece um salvador da Pátria no banco? CLARO! Mas também precisa de uma CBF que não envergonhe o país. Que não seja comandada por... um juiz do... ah, deixa quieto. Vocês sabem de quem eu estou falando.
