Na sessão da Câmara Municipal de Cardoso Moreira realizada ontem, a população teve o a uma tentativa de explicação sobre o polêmico aumento do IPTU no município. Uma servidora da Secretaria Municipal de Fazenda compareceu à tribuna para justificar o que chamou de “necessária atualização” nos valores dos imóveis que compõem a base de cálculo do imposto.
Segundo ela, os valores venais dos imóveis estavam defasados há anos e, por recomendação do Tribunal de Contas do Estado, foi preciso revisá-los. A servidora fez questão de afirmar que a alíquota do imposto não foi aumentada. No entanto, ao atualizar os valores dos imóveis, o impacto foi imediato: o valor final do IPTU simplesmente quadruplicou.
Diante disso, a prefeitura propôs o que chamou de uma “trava” — um mecanismo de contenção que consistiria num abatimento de 75% sobre o novo valor apurado. Essa trava, aprovada pela Câmara, teria como objetivo suavizar o impacto no bolso do contribuinte. Mas mesmo com o tal desconto, os moradores de Cardoso Moreira viram seus carnês chegarem com valores ao menos 100% mais altos em relação ao ano anterior.
Ou seja: mesmo com a aplicação da trava de 75%, o IPTU dobrou. E o mais alarmante — se essa trava deixar de existir no futuro, os contribuintes poderão pagar até quatro vezes mais do que vinham pagando até o ano ado. Um verdadeiro susto fiscal.
A falta de transparência da prefeitura em comunicar com antecedência e de forma clara essa mudança gerou revolta entre os moradores. Muitos só perceberam o aumento ao receber o carnê, sem qualquer aviso prévio sobre a revisão nos valores dos imóveis ou sobre a recomendação do Tribunal de Contas.
Na prática, o que os cardosenses enfrentam é uma reconfiguração silenciosa do IPTU, que chegou com força total sem o devido diálogo com a população. A pergunta que paira no ar agora é: e se no próximo ano essa “trava” de 75% não for renovada? Estaremos diante de um novo colapso tributário para o contribuinte comum?
Enquanto isso, a prefeitura permanece em silêncio sobre um plano de longo prazo para evitar que esse cenário se repita. Fica a lição: em temas que mexem diretamente com o bolso do cidadão, transparência é o mínimo que se espera.
